9 de ago. de 2010

MEDO

26/09/01

Um fino fio de sangue brotou em meu peito
tal qual o azeite, irá temperar, porém tempera sofrimento
um sorriso solitário surge no meu rosto
cravejado de dor, desespero, ilusões.
E minhas lágrimas são amargas, assim como féu...
Não existem semelhanças entre meus eus,
o que existem são sonhos e solidão
cada tentativa de mudança é um pesadelo que começa
então acho sempre mais fácil recuar
porque prosseguir, se o que desejo mesmo não há de vir?
Pia agora uma coruja, como soa agourento o seu pio
enerva-me sua presença, assim como o corvo enervou Poe
no seu girar de pescoço sinto-a me espreitar
como fosse a morte que me espreitasse
talvez seja apenas loucura, talvez não,
mas o fato é que me é assustadora a idéiade deixar de ser.

Mesmo que seja por pouco tempo.
Hoje acordei mais cedo, dormirei mais tarde
e talvez acorde amanhã, como saberei?
São essas incertezasque me consomem, como vermes
corroem minhas estruturas, semeiam elas amarguras
acabam com o que me restou de prazer
Agora a hora avança, o relógio toca seu requiem maldito
talvez a morte me alcance no próximo minuto e nem
me dê chances para terminar meu escrito...
Não foi desta vez, mais uma hora será, resta-me apenas
aguardar, observando a coruja que me observa
atrasando o relógio que sempre me supera
e temperando minha existência com o sal amargo da boemia...

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