17 de set. de 2010

21/01/02 ELEGIAS DA ESCURIDÂO - V PARTE - A QUEDA DE UM CAVALEIRO ANDANTE

Nega-me, eu sei...
E tudo que pôde me oferecer foi um companheiro,
mais um eu para carregar mundo afora
um sonhador me destes, um poeta me tornou,
que me adianta rabiscar belas palavras
sobre o branco de um papel, ou mesmo
chorar nele todas minha mágoas
meus anseios? É inutil o peso da pena,
o cheiro da tinta, o branco do papel.
Acaso reduzi meus sofrimentos?
Possuí, possuirei, ou possuo meu destino?
Não nada possuo, nem verdades ou
mentiras, construo castelos de areia no
espaço, caço quimeras, monto relâmpagos!
Ah céus! porque continua azul depois
de tudo que viu e ouviu?
Por que permite que os anjos transitem em ti,
que dancem embalados por seu sopro?
São eles tão superiores assim?
Ou é o homem tão insignificante que lhe basta
uma rima, um verso ou mesmo uma palavra, para se iludir?
Roguei aos anjos sua misericórdia, nenhum
sequer me ouviu!
Que fazer agora? Rogar ao demônio?
Chega! Abusastes muito de mim, agora quero libertar-me,
poder ter consolo nos versos que escrevo
e esquecer que já cavalguei com reis e demônios...

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