9 de ago. de 2010

A PRIMEIRA VISTA

13/01/02

Canto as glórias e desencantos da vida
e nada vejo de belo no rudimentar
e volátil metamorfozear da lagarta em borboleta
de que adianta insulflar para alma
insustentáveis problemas em forma de desejos
se os que mais agrada-me não são seus cabelos
e sim o crânio que ele disfarça
Nunca apreciei seus belos olhos azuis
nem os cantarei em versos
julgam-me mau, alguns, ao comparar-me
com entes perversos, que perambulam pelos sonhos
mas já lhe disse: não compartilho como os outros
do amor pelo vosso olho,
porém não posso deixar de sorrir
quando pela minha mente passa por um só momento
a visão de ver-te com os olhos ramelentos
encobertos por densa catarata, gotejando de sofrimento
Digo-vos! Não é essa vida imprevisível
e por mais que sejamos realistas
fornece-nos ela sempre uma nova surpresa
um cancro, um câncer, uma corda no pescoço,
um cálice de amargo veneno
mais uma pista para nos corrigir-mos
e voltar-mos nossos olhos (ainda sãos)
para algo digno de realmente vermos!

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