31 de ago. de 2010

21/01/02 ELEGIAS DA ESCURIDÂO - II PARTE - A QUEDA DE UM CAVALEIRO ANDANTE

E cada toque de clarim que agora ouço,
faz-me tremer o corpo e choro de desgosto
Ao saber-me aprisionado por fortes grilhões
que impedem-me os movimentos, as ações;
Faço uso do único método que conheço:
Caio de joelhos neste solo lamacento
vivo para os céus, lamento por mim mesmo,
mas nem sequer uma pena move-se na minha direção,
continuo cativo, sem resgate, nem perdão.
Escravo do destino, dos desejos, da frustração...
Do inferno agora, ouço horríveis vozes
que inflamam o meu ego, dizem-me elas:
"- Eis ai em tuas mãos a liberdade,
ganhastes do nosso mestre esse envenenado punhal
agora ages, fazei o que é certo,
mata o seu carcereiro, degola o rei
e sedes um liberto,
mas se acso queima a tua mão o aço,
sede nobre ao menos uma vez,
crava esse punhal no teu próprio peito
liberta-te desse senhor indigesto
e caminheis pelos Hades junto com teu novo mestre."
Tapo meus ouvidos, fecho meus olhos
e nada consigo a não ser arrancar riso
dos carrascos que agora me cercam!
Que fazer? Para onde virar-me em busca da salvação?
Talves os céus estejam muito afastados,
e os seres alados não me deêm mais atenção.
Restam-me o inferno, na forma dum punhal,
resta-me dilacerar o dilacerado coração!?

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